O Renascimento do Parto 2 é uma indicação de filme que faço aqui para toda família. Forte e empoderador para todos os lados. O material, dirigido por Eduardo Chauvet, alerta para a violência obstétrica que muitas mulheres passam e sofrem a vida toda com a sequela das lembranças, seja porque não se informou, seja porque foi educada a aceitar apenas opinião médica como verdade.
O material da segunda versão chegou essa semana nos cinemas do Brasil e vem com mais informações. Nos dias atuais falamos de parto humanizado. E por que um homem falaria disso? Eu escrevo sobre o assunto porque assisti a primeira sequência sugerida por minha esposa, Joana Barros (@maedverdade) que me trouxe o tema para aprendermos juntos e eu gostei porque nos informamos mais sobre processos de parto natural. Na época não tinha nem criado o instagram @paideverdade.
Joana relata que “o filme me deixou reflexiva se de fato Valentina teria que ter nascido de uma cesárea. Me senti emocionada e aflita com a dor daquelas mulheres que deram seus depoimentos e apavorada com a realidade do sistema de saúde atual. Recomendo que todos assistam. Filme forte e emocionante”.
A primeira versão está disponível nos principais serviços de streaming e conta com falas de famosos, como o pai, ator e apresentador Márcio Gárcia. Assistimos o filme 2, nesta quinta, em casa, por intermédio da produtora do longa, e ficamos impressionados com a violência obstétrica que as mulheres passam e deixam sofrimentos também aos familiares. Por outro lado ficamos felizes com o relato da apresentadora Fernanda Lima que fala da atenção dada a ela pelo marido Rodrigo Hilbert.
Nessa sequência que alerta para o parto natural e humanizado, tem mais relatos de mulheres que sofreram porque passaram por episiotomia, um corte feito na região íntima precisamente no períneo – musculatura entre a vagina e o ânus – para acelerar a saída do bebê. Procedimento considerado desnecessário na maioria dos casos. No Brasil, segundo pesquisa da Fiocruz, 54% das mulheres são submetidas ao corte que sofrem dor e comprometem a vida sexual de muitas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o corte em 10% de partos naturais. Muitas mulheres não são avisadas do procedimento considerado invasivo.
O filme impressiona também por causa de cenas de um parto natural com manobras de Kristeller, procedimento realizado na barriga da mulher é pressionada com vigor para acelerar o processo de expulsão que deveria ser natural e esperado como o filme retrata em outros momentos até com nascimento pélvico, ou seja, quando o bebê nasce primeiro colocando os pés para fora. Tem relatos de várias desculpas de que a mulher não pode parto natural por isso e por aquilo, inclusive por ser cadeirante.
Por outro lado alguns relatos que animam esse #paideverdade que busca se informar e conversar sobre a participação dos pais no processo da criação. Vivemos uma era que é preciso soltar esse assunto nas rodas de conversa, seja em qualquer esfera social. Essa semana fui ao mercadinho perto de casa e ouvi as mulheres que trabalham no caixa comentando sobre a naturalização de que os maridos não fazem sua parte nos trabalhos de casa ou nos cuidados do filho e isso é considerado normal. Para variar indaguei que tenho o blog e o Instagram @paideverdade para gerar debate sobre o assunto. Não é novidade que me viram como herói. Como assim? Faço minha parte e não por isso sou melhor que nenhum.
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Voltando ao filme, O Renascimento do Parto 2, vimos relatos de partos naturais (por via vaginal) cheios de violência obstétrica e de gênero. Como pode um obstetra cortar a mulher dizendo que o “corte é pequenininho pra não acabar com o parquinho” se referindo a genitália feminina como local de diversão e prazer apenas para o marido. É isso que você quer para sua esposa, filha, irmã, amiga? Seja você homem ou mulher?
Precisamos cada vez mais ficarmos empoderados. Se informar é o melhor caminho para se libertar de amarraduras que prejudicam e quando se fala sobre o parto natural e humanizado é indispensável buscar conteúdo e debates produtivos com profissionais de saúde ou pessoas de confiança que passaram pela experiência. O bom mesmo é rodas de conversas.
Outro ponto comentado no filme é sobre o plano de parto que deve ser feito em comum acordo com a mulher (principalmente) e que o pai contribua com sugestões sempre respeitando a palavra final da esposa. No Renascimento do Parto 2 existem relatos de denúncia e questionamentos de violência obstétrica em que a filha questiona a mãe e recebe de resposta que “é assim mesmo filha, foi só um cortezinho”. Quando a filha questiona sobre a episiotomia (expliquei anteriormente). Joana (minha esposa) conversando com amigas próximas ouviu relatos de naturalização da episiotomia num processo sem necessidade. Claro, não sou especialista de saúde, mas o ideal é se informar e deixar seu companheiro ciente do que deseja para a chegada da criança.
Lembre-se que os médicos e redes hospitalares, seja pública ou privada, têm o dever de respeitar o paciente e jamais capitalizar a cesariana para garantir recursos e onerar o parto por via vaginal, porque argumenta-se que desprende mais tempo para esperar o nascimento.
LEI DO ACOMPANHANTE – LEI Nº 11.108, DE 7 DE ABRIL DE 2005. Altera a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para garantir às parturientes o direito à presença de acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS.
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