Adolescentes e jovens de 21 países estão mais otimistas do que os adultos quanto ao futuro. No Brasil, no entanto, esse índice de otimismo é um dos mais baixos entre os países analisados. É o que revela uma pesquisa lançada pelo UNICEF e o Gallup. O estudo compara a visão de adolescentes e jovens (15 a 24 anos) com a de adultos maiores de 40 anos sobre como é ser criança e adolescente no mundo de hoje, mostrando as diferenças entre gerações.
Nos 21 países analisados, adolescentes e jovens são mais propensos do que os adultos a acreditar em um futuro melhor. Ao serem perguntados se o mundo está se tornando um lugar melhor para cada nova geração, 57% deles disseram que sim, versus 39% dos adultos.
No Brasil, o índice de otimismo foi o segundo mais baixo, atrás apenas do Mali, país da África ocidental. Somente 31% dos adolescentes e jovens brasileiros, e 19% dos adultos, acreditam que o mundo está melhorando. As entrevistas foram realizadas entre fevereiro e junho de 2021. É importante notar que no Brasil foram realizadas entre o dia 23 de fevereiro e o 17 de abril, o pior momento da pandemia de Covid-19 no país.
“Não faltam motivos para o pessimismo no mundo de hoje: mudança climática, pandemia, pobreza e desigualdade, aumento da desconfiança e crescimento do nacionalismo. Mas aqui está um motivo para otimismo: adolescentes e jovens se recusam a ver o mundo através das lentes sombrias dos adultos”, afirma a diretora executiva do UNICEF, Henrietta Fore.
- Saúde mental e engajamento por um mundo melhor
Nos países pesquisados, adolescentes e jovens de fato relatam uma maior incidência de problemas de saúde mental, em comparação com os adultos. No Brasil, esses indicadores são significativamente mais altos: 48% dos adolescentes e jovens (41% dos meninos e 54% das meninas) se sentem frequentemente nervosos, preocupados ou ansiosos, e 22% dos adolescentes e jovens (15% dos meninos, 28% das meninas) dizem se sentir muitas vezes deprimidos ou com pouca vontade de realizar atividades cotidianas, versus 39% e 11% respectivamente dos adultos.
- Educação e trabalho
Nos 21 países, adolescentes e jovens acreditam que a própria infância foi melhor do que a de seus pais. Eles afirmam que a maioria das crianças e adolescentes de hoje tem mais acesso a saúde, educação e proteção contra a violência do que as gerações anteriores.
O Brasil segue a tendência, com destaque para a educação. Os brasileiros estão entre os que mais acreditam que a qualidade da educação melhorou na última geração. O Brasil é, também, o segundo país que mais acredita no poder da educação para a transformação social. Mais da metade dos adolescentes e jovens brasileiros (59%) e dois terços dos adultos (74%) citam a educação como o principal fator para o sucesso – versus 36% e 34%, na média dos 21 países. Quando não citam a educação em primeiro lugar, adolescentes e jovens brasileiros defendem que o trabalho árduo é o fator mais importante para ter sucesso (27%).
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- Mudanças climáticas
As mudanças climáticas estão entre as grandes preocupações da juventude no mundo. Nos 21 países, quase três quartos dos adolescentes e jovens que estão cientes das mudanças climáticas acreditam que os governos devem tomar medidas significativas para enfrentá-las. A proporção é ainda maior em países de renda baixa e média-baixa (82%), onde o impacto das mudanças climáticas costuma ser maior. No Brasil, são 73%.
- Benefícios e riscos da tecnologia
Nos 21 países, adolescentes e jovens são mais propensos a usar a internet todos os dias, em comparação com os adultos. No Brasil, 91% dos adolescentes e jovens dizem acessar diariamente a rede, versus 67% dos adultos. Os dados brasileiros se assemelham à média dos países ricos – 92% e 73%, respectivamente.
Quando perguntados sobre o uso da internet por crianças, os adolescentes e jovens se mostraram mais positivos do que os adultos. Nos países pesquisados, eles acreditam que a tecnologia traz benefícios para crianças e as ajuda muito a aprender (72%) e se divertir (62%). No entanto, a maioria dos adolescentes e jovens vê sérios riscos para as crianças online, como assistir a conteúdo violento ou sexualmente explícito (78%) e sofrer bullying (79%).
- Confiança na ciência, na mídia, nos governos e nas redes sociais
A pesquisa, realizada durante o pior momento da pandemia, descobriu que adolescentes e jovens confiam mais do que os adultos nos cientistas (56% versus 50%), na mídia internacional (36% versus 30%) e nos governos (33% versus 27%) como fontes de informação segura. Com relação às redes sociais, os níveis de confiança são baixos nos dois grupos – 17% entre adolescentes e jovens e 12% entre os adultos.
No Brasil, há uma grande diferença geracional com relação à confiança no governo como fonte de informação, com um índice de confiança de 14% entre adolescentes e jovens, e 23% entre adultos.
- Um mundo mais global e solidário
A pesquisa revelou, ainda, que adolescentes e jovens são muito mais propensos do que os adultos a se ver como cidadãos globais e defender a cooperação internacional para enfrentar ameaças como a pandemia. Em quase todos os países pesquisados, a grande maioria dos jovens relatou que seus países estariam mais seguros de ameaças como a Covid-19 se os governos trabalhassem em coordenação com outros países, em vez de sozinhos.
Além disso, adolescentes e jovens – em especial mulheres – lideram a pressão pela igualdade de tratamento das pessoas LGBTQIA+. Eles querem um mundo com mais direitos, para cada criança e adolescente, sem exceção.
Mais conteúdos sobre a pesquisa podem ser acessados clicando aqui.
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