As recentes afirmações do ministro da Educação, Milton Ribeiro sobre a educação de crianças com deficiência tem repercutido de forma negativa entre pais e responsáveis. O ministro afirmou, em entrevista durante uma visita ao Recife, nesta quinta-feira (19), que existem crianças com “um grau de deficiência que é impossível a convivência”. Dias antes ele já havia declarado em entrevista, que estudantes com deficiência atrapalham o aprendizado de outros alunos.
“Nós temos, hoje, 1,3 milhão de crianças com deficiência que estudam nas escolas públicas. Desse total, 12% têm um grau de deficiência que é impossível a convivência. O que o nosso governo fez: em vez de simplesmente jogá-los dentro de uma sala de aula, pelo ‘inclusivismo’, nós estamos criando salas especiais para que essas crianças possam receber o tratamento que merecem e precisam”, afirmou Ribeiro.
Segundo o Censo Escolar, em 2020 o Brasil tinha 1,3 milhão de crianças e jovens com deficiência na educação básica. Desses, 13,5% estavam em salas ou escolas exclusivas e 86,5%, estudavam nas mesmas turmas dos demais alunos.
A declaração do ministro foi alvo de críticas por parte de pais ativistas da paternidade e vivem a dificiência na rotina e reagiram comentando para o blog Pai de Verdade:
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O publicitário Beto Bigatti (@pai_mala), afirma que além de absolutamente excluir pessoas, a afirmação do ministro é de caráter capacitista. “A fala (…) é nefasta porque ela tenta transformar um projeto cruel numa boa ação e nós é que não estaríamos sociedade que não estaríamos entendendo. Quando na verdade a fala do ministro é absolutamente retrógrada e inaceitável. Quando ele diz que uma criança com deficiência atrapalha o aprendizado, o que que eu escuto? Eu, pessoa com deficiência, eu Beto, escuto que eu sou um estorvo na sociedade, eu escuto que eu não devia tá aqui, que eu tô atrapalhando, porque se eu atrapalho na escola, eu atrapalho na família, eu atrapalho no supermercado, eu atrapalho no meu emprego”, afirma Bigatti.
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Guilherme Bucco (@papaiatipico), também comenta. “Quando a gente fala de ‘impossível convivência’, tem um padrão na nossa sociedade de excluir dela tudo aquilo que não está encaixado em alguma anormalidade, algum padrão em a gente acha aceitável, isso a gente pode colocar pra muito tempo e ainda é…”, disse Guilherme.
Bucco diz ainda que “Essa característica da sociedade de falar, ‘pelo bem delas a gente vai colocar elas naquele cantinho’ porque a gente não consegue conviver com aquelas pessoas, a gente falha em conviver e quando você diz dessa forma realmente parece uma coisa legal, né? Mas na verdade não é, quando a gente coloca dessa forma, tá mostrando a nossa inaptidão de dialogar com aquele diferente”, completa.
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O ator, dublador, humorista e palestrante motivacional, Gigante Léo (@giganteleo) diz que “a ineficiência da escola, seja pública ou privada, não é fator ou justificativa para segregar ou achar que o deficiente é inferior ou motivo de atrapalhar o andamento do mesmo. Quem é inapta é a escola, a sociedade e a mentalidade das pessoas que insistem em ver realidades diferentes como pessoas inferiores ou passível de pena ou tratamento diferenciado”.
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Sergio Nardini (@paiderodinhas) fala que o comentário do ministro foi “extremamente superficial” e sobretudo “criminoso. Para ele, este tipo de pronunciamento, vindo de um representante do chefe de estado, torna mais grave “porque ele é ministro da educação de uma nação do tamanho do Brasil”, diz Nardini. “O que atrapalha é o sistema que exclui, é escola que não está preparada e que não investe em adaptação e qualificação de seus profissionais, visando o acolhimento dos alunos com deficiência… Tá tudo errado!”, completa.
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