Em um futuro próximo, todo homem precisa fazer uma série de provas para se tornar pai. O processo não é simples. A vontade de ter um filho vai esbarrar na falta de preparo, na insegurança e até no machismo estrutural ainda presente na sociedade, que insiste em delegar para a mãe a maioria dos cuidados com o bebê. Quem insistir em ser pai sem cumprir todas as tarefas e ganhar seu certificado poderá ser detido e até preso. Este é o ponto de partida de “Pai Ilegal”, comédia inédita escrita por Ulisses Mattos, com direção de Henrique Tavares, que estreia, dia 5 de maio, no Teatro Dulcina, no Centro do Rio de Janeiro.
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“Eu queria continuar a tratar de questões da paternidade, mas por uma estrada diferente. Com “Pai Ilegal”, a vontade era de fazer uma comédia, e voltar ao gênero do meu primeiro projeto teatral, Os Ruivos (2008)”, conta Pedro Monteiro que, além de idealizar o projeto, vive o protagonista do espetáculo. “A ideia é usar o humor para discutir temas pertinentes à sociedade atual, como o lugar de fala, a importância do pai na criação de um filho e a necessidade de aprovação que todos nós temos”, acrescenta. Ao fim do texto você confere uma entrevista com o idealizador da trilogia.
A peça acompanha a história de Gabriel, que vê sua vida mudar ao ser parado numa blitz policial. A documentação do carro está em dia, não houve consumo de álcool pelo motorista, mas há um grande problema: ele é um pai ilegal. O policial desconfia de uma fralda encontrada no carro, faz um teste do bafômetro e, logo, detecta a presença de talquinho, colônia de bebê, pomada pra assadura e tudo mais. Sim, no futuro a tecnologia já consegue detectar quem é pai e deter aqueles que não possuem certificado. No elenco, estão Pedro Monteiro (Gabriel), Gabriela Estevão (agente) e Juliana Guimarães (Ísis). “Sabe quando as pessoas falam que ser pai é uma coisa tão importante que deveria existir um certificado de permissão? Pois no futuro existe!”, comenta Pedro.
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Este é a segunda parceria entre Pedro Monteiro e o autor Ulisses Mattos, roteirista de programas de humor como Zorra, Escolinha do Professor Raimundo e Fora de Hora. Os dois trabalharam juntos no elogiado longa-metragem “Sonho de Rui – Um Braddock Possível” (disponível no catálogo da Amazon Prime). Ulisses assinou o roteiro e a codireção do filme com Cavi Borges. Agora, estreia seu segundo texto teatral – o primeiro foi a comédia ‘Mentira tem perna curta’ em parceria com Gigante Léo.
“Eu e Pedro gostamos daquele tipo de humor que diverte e emociona, e não recorre aos clichês apelativos da comédia”, observa Ulisses. “Além disso, discutir a presença e ausência do pai na criação de um filho é um assunto que nos interessa. Por mais presente que a gente seja, a verdade é que a mãe é sempre mais. Além do tema da paternidade, vamos discutir a nossa necessidade de aprovação. Durante toda a peça, o Gabriel fala desse nosso desejo de ser aprovado pelos pais, pelos filhos, pela sociedade, na escola, nas redes sociais…”, explica.
O diretor Henrique Tavares acredita que o espetáculo faz o homem reavaliar sua função na sociedade e na família. “Neste momento de tantas mudanças comportamentais, a peça fala também de como o pai pode se desconstruir e ficar mais atento às relações com a mulher e os filhos, combatendo o machismo e o patriarcado. Mas tudo com muito humor, estamos precisando de alívio cômico na vida!”, frisa o diretor, que fez parte do núcleo de humor da TV Globo e tem uma longa carreira no teatro. “A peça é bastante leve, divertida e ágil. Vamos contar essa história de uma maneira bem teatral, com elementos realistas, mas com alguns exageros para potencializar a situação cômica. O pai vai passar por várias provas para conseguir sua liberdade”, adianta Henrique.
Na equipe criativa do espetáculo, também estão Marcelo Alonso Neves (direção musical e trilha original), Alfredo Boneff (assistência de direção e preparação corporal), Marieta Spada (cenário e figurino) e João Gioia (Iluminação).
O espetáculo é a segunda parte de uma trilogia teatral sobre paternidade, idealizada pelo ator Pedro Monteiro, que começou com o drama “Pão e Circo” (2021) e vai se encerrar com o musical infantil “Meus dois pais” em 2023. “Pai Ilegal” é patrocinado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura e Controllab por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS.
Entrevista do ator Pedro Monteiro para o blog Pai de Verdade. A vida real se mistura à ficção. Descobrimos que o Pedro Monteiro, o ‘Pai Ilegal’ é casado com a Gabriela Estevão, a ‘Agente T.’ (a que está deitada na foto acima). A Pilar, filha primogênita do casal, tem 2 anos e 6 meses.
1. Como você descobriu que queria ser pai?
Quarenta dias após o meu casamento, minha parceira chegou de viagem, e falou que queria que eu estivesse em casa quando ela chegasse. Nos encontramos na porta da cozinha, ela me levou pro sofá da sala, e me deu a notícia. Diz ela que eu só consegui emitir uma palavra cinco segundos depois, rs.
2. Como concilia o profissional e a paternidade. Tem horários, divisão de funções para o cuidado com a criança?
Tem divisão pra tudo. Eu fico com a criança entre 7h e 13h. Incluindo café, louça, banho, e roupa pra bater. Deixo na escola as 13h e busco as 18:30. De 19h em diante é a minha parceira. E as 7h começa a rotina de novo. Em trabalho pontuais a rede de apoio da vovó, madrinha, e bisa chega junto.
3. Como você avalia o maior desafio da paternidade e como ele superou/supera?
Ainda não consigo fazer uma avaliação ampla. Nasceu, veio a pandemia, e agora o sol volta a brilhar. Cada dia é uma conquista. Ou um aprendizado. Minha filha é uma pequena desbravadora.
4. Que mensagem você deixa para quem ainda não é pai e está naquela de ficar em cima do muro e não colocar a “mão na massa” de fazer os cuidados práticos e não deixar tudo na “mão” da mãe?
Você é aquilo que cultiva. E quanto mais você acha que ensina, na verdade está aprendendo. A troca é o que me faz evoluir.
5. Acrescente algo mais que julgar importante…
Não existe modelo. Cada caso é um caso. Cada pai, mãe, filha, família, é diferente uma da outra. Só o amor que é universal.
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