Culturalmente, tratada como uma questão feminina, a infertilidade também atinge homens e deve ser enfrentada em ambos os lados. Na preparação para se aumentar a família, na maioria dos casos, as mulheres começam antes dos futuros papais, antecipando a prática de exercícios físicos e regulando hábitos alimentares. Porém os futuros papais e mamães precisam estar igualmente atentos aos cuidados com a saúde, sobretudo quando desejam a gravidez.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), um de cada quatro casais que procuram tratamento para infertilidade, tanto o homem quanto a mulher apresentam disfunções. Em aproximadamente 30% dos casos, a infertilidade é causada por fatores exclusivamente masculinos, enquanto em 20% deles têm causas masculinas e femininas combinadas.
A maioria dos problemas de infertilidade masculina são por condições como azoospermia, que se refere à ausência de espermatozóides no líquido seminal e oligozoospermia, que se refere a produção reduzida de gametas.
CASO REAL
O primeiro passo para investigar a infertilidade masculina é o espermograma, exame que mensura a quantidade de espermatozoides, além de avaliar e investigar a qualidade dos gametas, considerando fatores como vitalidade e mobilidade. Foi o procedimento realizado pelo servidor público, Aluisio Santos.
Segundo Aluísio, hoje, pai de Luisa, 5 anos, e Luana, 2 anos, o exame constatou uma porcentagem alta de espermatozoides inativos ou com mobilidade reduzida. Um ultrassom testicular, realizado após o espermograma diagnosticou varicocele como causa das alterações.
Confira o vídeo com o depoimento de Aluísio, que conta como partiu da infertilidade para a paternidade de duas filhas:
Segundo o urologista e especialista em fertilidade do homem, Filipe Tenório, a varicocele é a presença de veias dilatadas na bolsa escrotal, e isso ocorre devido ao aumento da pressão dessas veias, por uma falha nas válvulas das veias. “O diagnóstico geralmente é realizado por um exame físico ou por um método complementar, através de ultrassonografia”, complementa Filipe.
“Em alguns casos, também é possível investigar o histórico familiar do paciente, através de um estudo genético, o que costuma acontecer em situações severas, como abortos repetidos” acrescenta. O médico também destaca que, mesmo quando o homem é diagnosticado como infértil, sua parceira também pode (e deve) passar por avaliação. “A dificuldade para engravidar não deve gerar culpa, e sim a procura por tratamentos e orientação médica” acrescenta o urologista e especialista em fertilidade do homem, Filipe Tenório.
É importante salientar que a varicocele é uma condição muito comum, diagnosticada em 20% dos homens, e que em 80% dos homens diagnosticados, não acarretará problema algum. Segundo Tenório, esse pode ter sido o caso de Aluísio.
As principais complicações da varicocele são a infertilidade e a deficiência de testosterona. O tratamento é indicado quando esses dois sintomas são constatados.
Não existe a medicação para tratar a varicocele, o tratamento pode ser feito apenas com intervenção cirúrgica. A microcirurgia é chamada de varicocelectomia e cerca de 75% dos homens que se operam, melhoram a fertilidade e aumentam muito a chance de se tornarem pais.
ROTINA E INFERTILIDADE
O consumo excessivo de bebidas alcoólicas ainda é um dos principais vilões para aqueles que desejam aumentar a família. Os danos ao fígado e a metabolização destas substâncias pode afetar a capacidade de movimentação dos espermatozoides. “Ainda que ocorra a fecundação, um espermatozoide de baixa qualidade pode gerar um embrião problemático, o que aumenta as chances de abortos” acrescenta Filipe Tenório.
O médico também orienta sobre o excesso de calor. “Durante a pandemia, muitos homens passaram a trabalhar em casa, constantemente acompanhados por seus notebooks no colo, o que não é recomendado, por conta do aumento de temperatura. Outra problema é passar mais de 6 horas sentado, sobretudo em cadeiras de material plástico, que aquecem com mais facilidade”.
“A prática de exercícios físicos também é essencial para evitar excesso de peso, observando os níveis de colesterol e a possível incidência de diabetes, fatores que influenciam na produção de espermatozoides” finaliza Filipe Tenório.